Recomeçar depois dos 50: direitos, desafios e caminhos jurídicos
- Graziela Cotrin Loro

- 26 de set.
- 2 min de leitura

Viver um divórcio ou encerrar uma união aos 50 anos ou mais pode parecer uma etapa tardia, mas é cada vez mais comum. Com mais tempo de vida, estabilidade financeira ou somente pela busca de realização pessoal, muitas pessoas optam por recomeçar em maturidade. Esse contexto exige atenção técnica no Direito de Família, para preservar direitos e facilitar a transição.
Principais desafios jurídicos
Partilha de bens e patrimônio:Em casamentos longos, a convivência pode gerar aquisição de patrimônio significativo. É crucial averiguar regime de bens adotado (comunhão universal, comunhão parcial, separação etc.), registros, documentos, dívidas, e bens adquiridos antes do casamento.
Uniões estáveis:Muitos casais nessa faixa etária viveram uniões estáveis sem formalizar casamento. A dissolução requer comprovação de união, contribuição de ambas as partes, divisão de bens, e possível pedido de meação, espólio ou sucessão dependendo de compras e do regime adotado.
Pensão ou alimentos entre ex-cônjuges:Não é incomum que, após anos de casamento ou convivência, um dos parceiros tenha tido sua atividade profissional reduzida ou interrompida por cuidar da casa, dos filhos ou por contratos precários. Nesses casos, pode haver direito a alimentos. A jurisprudência brasileira reconhece esse direito em diferentes instâncias, dependendo da capacidade econômica de quem pede e de quem deve contribuir.
Guarda, visitas e deveres parentais em famílias maduras:Filhos adultos, netos, ou relações com enteados podem complicar decisões judiciais, demandas de visitas ou de participação em decisões familiares. Aspectos emocionais também podem afetar disputas e acordos.
Planejamento sucessório:Casais que recomeçam devem repensar testamentos, heranças, possibilidade de doações em vida, sucessão legal, principalmente se já têm filhos ou bens acumulados.
Aspectos emocionais e psicológicos com interface jurídica
O término de uma relação madura pode vir acompanhado de sentimentos fortes: culpa, frustrações, medos financeiros, sentimento de fracasso.
Por isso, processos amigáveis ou mediações familiares podem ser menos traumáticos e preservar saúde emocional.
A escolha de advogados que atuem com sensibilidade importa: um bom profissional jurídico pode não só orientar legalmente, mas também encaminhar para apoio psicológico ou redes de suporte.
Jurisprudência e decisões recentes
Tribunais têm reconhecido pensões entre ex-cônjuges após longa união, mesmo quando não houve formalização de casamento, especialmente se um dependia economicamente do outro.
Casos de partilha de bens em uniões estáveis onde contribuição de uma das partes foi majoritariamente doméstica — a jurisprudência tende a valorizar essa contribuição.
Recomendações práticas para quem está vivendo essa transição
Reunir documentos desde cedo: certidões, registros de bens, contratos, comprovantes de bens móveis e imóveis.
Contratar advogado especializado em Direito de Família.
Avaliar se será vantajoso optar por divórcio consensual ou litigioso.
Negociar mediado, se possível; evitar litígios que causam desgaste emocional e prejuízo financeiro.
Avaliar defesa ou pedido de alimentos, partilhas, acordos, testamento, planejamento sucessório.
Conclusão
Recomeçar depois dos 50 não é retroceder — pode ser um passo de liberdade. A transição exige planejamento jurídico, mas também acolhimento e respeito.
Se você está nessa fase, lembre-se: seus direitos importam, sua história importa e é possível recomeçar com dignidade.




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